segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

O rapto dos Extraterrestres

Isto é um privilégio, o ser raptado por Ets.
Deve estar a fazer seis anos por esta altura.
Depois da votação sobre o local do jantar lá decidiram que seria algures num Chinês de Massamá.

A festa de Natal da empresa era sempre votada, eu nem vetava.
Combinámos ás oito da noite, lá no referido china.
Éramos umas dez pessoas ao todo, mulheres, namoradas, alguns cães e gatos .
Uma das nossas estrelas de sempre era o Tanso, figura ímpar da nossa força de vendas.
Um tubarão, um homem que depois de vender a mãe era capaz de a comprar e voltar a vender a uma tribo da Guyana faminta, como pack levava ainda a avó, vendia tudo e bem.
O primeiro pensamento do dia deste animal de vendas era :
...."ondé queles estão ".
Qualquer assunto maior, era-lhe entregue.

- Tanso...não esqueças ás oito...ok ?
Começamos a chegar....
Olhando o menu saem os pedidos...o tempo passa.
- Oi people...pá...o Tanso ?

O tempo....passa.
O nosso artista principal morava em Queijas, dista a 10 minutos de Massamá, pela CREL.
O tempo passou e são nove horas da noite, toda a gente tentou localizar o Tanso.
De casa responde a avozinha: ... o menino já saiu.
De repente vem à memoria de todos se bem que em silêncio e para si, a celebre frase deste grande mestre da simulação e "enlace":
- "pá....não me digam nada"...arrepiamo-nos.
Note-se que este menino tem alguns anos já na primeira vintena, é um antigo lobo do mar, fragateiro de uma nau NRP, que só abandonava em troca dos becos de Amesterdão.

São...nove e tal, estamos em pânico....estamos mesmo em pânico.

- Pá Calma....ele há-de dizer qualquer coisa, nem que seja para o ano.
Isto era eu a fazer cálculos de cabeça, sei lá o que podia vir daqui.
Ligar para o pai, velho amigo dos jantares do Mira nem pensar, ainda morria, ninguém melhor do que ele conhecia este filho, um pensamento frio corria-lhe sempre a espinha quando falado, só no nome.
- Bem....já que acabámos o jantar e o Tanso não aparece nem atende telefones, pá...vamos á PSP e GNR, Hospitais, ele estará algures, só espero que bem.....raios !!
São onze da noite.

-Pá.....não me digam nada.
O Silencio é total entre nós, é como se nos tivesse aparecido
o D. Sebastião.

-Tanso acalma-te, pá..calma.
-Conta, que se passa pá...fogo, estávamos já bué preocupados.
-Pá.....não me digam nada.
O silêncio mantêm-se, só eu teimo em falar.
Começa entre nós a aparecer os primeiros semi-sorrisos.
O nome de Tanso não é por acaso.
-Como vieste ?...aconteceu algo ?...onde estiveste?
Já são muitas perguntas para aquela cabeça.
-Arranjei uma boleia.
-Pede qualquer coisa....come lá e acalma-te.
-Pá.....não me digam nada.
Acabou de comer e fomos procurar o carro.
-Acabou-se a gasolina.
-Tanso onde está o carro ?
- Na CREL !!!
-Na CREL ?...(uni sono a 10 Vozes)
-Monta-se toda a gente no meu 940 e arrancamos para a CREL.
O carro estaria no sentido Queijas-Queluz, Queluz é a saída para Massamá.
Entramos na CREL passamos a saída referida, mas carro nada.
-Pá Tanso....o carro ?
-Pá.....não me digam nada.


Continuamos, sentido Alverca.
À entrada do primeiro túnel vimos atónitos do outro lado do auto-estrada um carro com os 4 piscas acesos.
-O carro !!!...(uni sono a 10 Vozes).
Aqui já não aguentámos mais, foi rir, rir e chorar a rir, vimos logo o filme todo.
-Tanso...que faz ali o carro naquele sentido ???
-Pá.....não me digam nada.

O resumo :
Como todos adorávamos o Tanso, não o pressionámos mais.
Ao longo do tempo que convivemos juntos, mais uns anos, foi-se abrindo dia a dia o enigma.
Em tom de brincadeira, atribuímos este enigma oficialmente como:
"O rapto dos Extraterrestres", o nosso amigo tinha sofrido uma terrivel experiência ás mãos de tais seres, onde inclusive teriam feito um reset ao seu cérebro.

E assim ficou para a posteridade o rapto do Tanso, pois ninguém sabia o que se teria passado naquela noite, mais de duas horas para ir de Queijas a Massamá (10 minutos no máximo) e como esgotou o depósito de gasolina, como estava no sentido Alverca-Queluz, se tinha saído de casa directamente para vir ter connosco.

"O rapto dos Extraterrestres"...deveu-se a que na CREL não existe a saída Massamá.

O Tanso andou 2 horas, na CREL cima a baixo ( 35 km cada sentido), procurando a saída dizendo Massamá, como nunca encontrou, acabou a gasolina e teve de pedir boleia.
O mais estranho é que ele, nasceu ali e anda por ali todos os dias, naquele dia deu-lhe, teria forçosamente que existir a tal tabuleta.

Um dia conto-vos como demorou uma manhã para fazer um percurso de 5 minutos, é outra história.

Mago da Lua

2 comentários:

Adoa Coelho disse...

Hey!! Conheço bem isso!
Eu ía treinar num polidesportivo em Valência e agora não vou porque não me lembro do caminho...
É triste!
lolol

Enfim, beijo!

Alma Nova ® disse...

Está mais que explicada a alcunha..."Tanso". Mas lapsos desses acontecem a qualquer um.

 
Add to Technorati Favorites