O momento

Já não sonho com a queda, agora voltou a velha, vizinha da minha avó, que me atormentava pelo seu aspecto quando era garoto, vergada sobre si, de olhar frio e negro num conjunto muito escuro de vestimenta e lenço à cabeça.
Imaginava-me dentro de sua casa, de onde tentava fugir sem que me visse, cheguei a acordar aos gritos, a sua casa era num descampado onde nada havia para socorro.
Agora voltou também a imagem das cataratas de agua de várias pistas caudais onde só a tormenta do encontro da agua com o solo se ouve, nada mais; eu olho num passadiço entre as pista, estou quase suspenso, não sei.
A catarata esconde a sua altura sem nunca a ter conseguido ver, o sonho é sempre interrompido pela ansiedade do momento.
Mas em tempos escrevi para Anjos brilhantes que me acompanhavam nos sonhos.
“..O Sonho encontrou-me esta noite, acordo e vejo que sonhei-te.
Para não te perder, nem quero acordar.
Tu davas-me abrigo e protegias-me, da chuva e de coisas que nem sei olhar, com as tuas mãos aquecias-me.
No meu sonho tu eras alada e vinhas do céu, lá, tudo era ouro.
Eu durmo em seio de anjo, só acordo com o bater das suas asas, partindo para as estrelas tocar, com elas iluminas o meu caminho na noite que não estás, para a ti eu chegar todos os dias.
Aguardo com o vento as estrelas, nascem para te contemplar, e protegem-te, girando à tua volta nesse céu de ouro, onde só tu podes chegar….”
(jos almeida, 2001)

Brigtness Angel, ao vivo concerto Montijo 12 Agosto 2006.
Mago da Lua