domingo, 2 de dezembro de 2007

Viagem pelo O2


Depois de ter lido no Luminescências sobre o lançamento do novo Oxygene de Jean Michel Jarre, comemorativo dos 30 anos da primeira versão deste trabalho (1976), lembrei-me de colocar um pouco de luz sobre como são obtidos os sons em Oxygene, bem como em outros trabalhos dentro do género.

Oxygene é uma referência na musica do final do Séc. XX.

Jarre direcionou-se numa abordagem ecológica na grande maioria dos seus trabalhos.
Oxygene 1-6, permitam-me, nasce numa altura do século em que a ciência começa a entender e a despertar para novos cuidados ecológicos - veja-se a capa de Michel Granger ele próprio um ecológico nato (o seu tabalho Terre é demonstrativo).
A Terra está morta!



Mais tarde em 1997, Oxygene 7-13 demonstra uma consciêncialização total do Homem na protecção do planeta, tendo-o como seu coração.


Mensagens á parte, o que pretendo é abordar a técnica, nomeadamente a instrumentação usada em ambas as gravações.

Jarre é um pioneiro no som sintetizado, como instrumentista.

A par de outros músicos do início da década de 70, utilizou a manipulação total de timbres para atingir sons diferentes dos á data conhecidos.

Lembro de ouvir o seu primeiro trabalho editado em LP - Oxygene - e atentar nos nomes de instrumentos, Synthesizers.
Claro que naquele tempo não era fácil chegarmos a uma perfeita visualização de tudo isto, tal era a diferença da música que com dificuldade se imaginaria o instrumento.


Com 14 anos, na altura, não estava propriamente a dar os primeiros passos nestes novos sons, tinha já a iniciação de Heaven and Hell e Albedo 0.39, de Vangelis, onde se fazia referência aos tais Synthesizers.

Mas Jarre decomponha-os :

A.R.P.Synthesizer, A.K.S. Synthesizer, V.C.S.3 Synthesizer, R.M.I.Harmonic Synthesizer e muito mais... uma ficha técnica brilhante para a altura.

A primeira vez que vi e pude tocar em sintetizador, mais ou menos por estas alturas e perceber um pouco da fisionomia e técnica destes equipamentos foi uma bela tarde inesquecivél no Custódio Cardoso Pereira no teclado de um Crumar.

Disto recordo que toda a gente que se encontrava dentro da loja, ficou colada ao cordão vermelho, que a separava da zona de exposição.
Fui convidado a voltar e demonstrar o aparelho....fiquei alguns dias sem dormir só de pensar.
Estava traçado o meu destino e objectivo na vida: Criar música electrónica!

Adiante...

Os sintetizadores de Jarre e todos os outros claro, têm uma base de trabalho comum: O Oscilador (e as formas de onda para o oscilador), o Filtro e o Amplificador, ( tudo isto dependendo do aparelho pode ser dito no plural).

Partindo de um timbre instrumental (nem sempre) poderemos traçar vários percursos para o som dentro do sintetizador, fazendo-o percorrer um conjunto de áreas electrónicas que modificam o som de base, até ele sair no sistema de pré-amplificação e ser audível.

O principal manipulador da onda do som (ainda em sinal eléctrico), está na área dos osciladores e muda a frequência do som.

O Oscilador ou gerador de ondas( tipo de onda eléctrica, serra, quadrada, sinosoidal..etc.) é o componente que, em princípio, gera um som único, contínuo, invariável, numa só altura, intensidade e timbre.
Quando accionado pelo teclado, o oscilador emite o instrumento de acordo com a altura da nota tocada no teclado.



Não querendo ser muito técnico, um dos fundamentais componentes de um sintetizador é ainda o Filtro.
Para moldarmos o timbre emitido pelo oscilador, vamos manipular um filtro de freqüências.
O som que sai do oscilador, qualquer que seja a forma de onda escolhida, costuma ser estridente, repleto de harmônicos.
Essas freqüências precisam de ser filtradas, até alcançarmos o timbre desejado.

O Filtro corta certas frequências do som e deixa passar outras.
O ponto de corte ou cutoff, que é a fronteira entre os sons que são cortados e os que permanecem, é móvel nos sintetizadores.

Isto permite que o músico defina, por exemplo, quais harmônicos de um som serão ouvidos.
O som do oscilador, quando passa pelo Filtro, é radicalmente alterado, pois muitos dos seus harmônicos estão a ser cortados.
O timbre muda fantásticamente ao movermos o controle do ponto de cutoff.
Não chateio mais com técnica.....haveria páginas e páginas a dizer...

A magia do som de Jarre está, a meu ver e isto é uma apreciação pessoal, nas colagens, método que também uso nas minhas composições.

Tentem aperceber-se por exemplo de dois sons próximos no tipo de timbre a deslocarem-se em R e em L ( esquerda e direita da audição) mas em que um deles a determinado momento é modificado pelo Filtro (altera-se...tipo rasgo), parece-nos que há uma abertura imensa na capacidade de destrinçar os sons ( eles quase não se distinguiam entre si, agora desdobram-se), é um efeito muito praticado por quem faz música electrónica.



A parte repetitiva das músicas de Jarre é feita por equipamentos designados de sequenciadores, hoje todos os sintetizadores incorporam em si esta área.
Trata-se de "desenhar" pelos vários compassos da música uma diversificação de notas que têm uma progressão variada ao longo da composição. ( Um bom exemplo é a passagem de Oxygene part I para a part II).
Por vezes o "andamento" de um sequênciador vai completar a linha melódica de outro, com sons diferentes - provocando uma "salada" de música.
Jarre não só utilizou muito bem a capacidade da mistura dos sons sintetizados e as suas mágicas colagens, bem como a capacidade na altura da mistura de audio. Foi em 8 pistas. Hoje em ambas as técnicas a possibilidade é infinita.

Oxygene 1-6 em si é um curso total de musica electrónica:


" Obrigada Mestre, tive gosto em te ouvir milhares de vezes, de cada vez descubro coisas novas !"

Está já na rua. Vou a correr comprar!!!



Entrevista a Jean Michel Jarre sobre Oxygene 2007



Mago da Lua

6 comentários:

Adoa Coelho disse...

Acho que não percebi nada...
Enfim, vou postar algo técnico sobre tiro com arco!!
Só para me "vingar" lololol

Não conhecia esta tua faceta! A de músico..
Que gostavas de música, já me tinha apercebido bastante!

Já agora gostaria de ouvir algo teu.

Beijos

Gaja Boa 2 disse...

Musica electronica...não percebo muito. Mas esclareceste-me alguns pontos...

Mago da Lua disse...

Adoa....eu não fui nada técnico !!!
Se o fosse, então eram "resmas" de papel, foram algumas notas para o ABC.
Para ouvires algo meu, basta ouvires o player que está aqui no Blog ou veres o meu myspace.
http://www.myspace.com/josalmeida

Olá gaja boa 2

Ainda bem que se fez alguma luz..

Obrigado voltem sempre

Sweet Porcupine disse...

bolas......as coisas que tu me fazes recordar.......é nestas alturas que começo a ter consciencia de que estou a ficar velha!!!

:D:D:D:D:D:D:D

Beijinhos ouriçaditos caro amigo

Anónimo disse...

Confesso que.. até me sinto culpada por ter vindo aqui...

Mago da Lua disse...

"nada boa mesmo"
Culpada ???...como ???...falas de quê ?

 
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